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Pesquisa inédita da CNTA mostra o perfil das mulheres caminhoneiras do Brasil

25/03/2024

Olá, meninas! Tudo certinho por aí? Hoje o papo é com as caminhoneiras. Buscando alternativas para melhorar o cenário dos transportes para as mulheres, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) organizou a pesquisa: “Realidades e desafios das caminhoneiras nas estradas”, realizada exclusivamente com mulheres que atuam na profissão. 

A pesquisa reuniu dados fornecidos pelas próprias profissionais, entre 25 de agosto a 3 de setembro de 2023. Afinal, nada melhor que dar voz a elas para entender os desafios nas rodovias do Brasil. Além disso, o estudo também traçou um perfil das profissionais que atuam no transporte de cargas atualmente. 

Através de um formulário online, 72 mulheres caminhoneiras responderam cerca de 20 perguntas sobre o dia de trabalho, dificuldades, expectativas, salários etc. O objetivo do estudo é levantar dados da realidade delas, com informações que vão contribuir para embasar a CNTA em atuais e futuras discussões sobre o assunto, além de servir como forma de apoio para pleitear melhorias. 

Confiram abaixo detalhes da pesquisa!

Faixa etária das mulheres caminhoneiras

Entre as motoristas participantes, 34,7% têm idade entre 31 a 40 anos, enquanto que 33,3% estão entre 41 a 50, ou seja, quase 70% das profissionais está acima dos 30 anos de idade, mostrando um perfil de mulheres que já possuem certa experiência no mercado de trabalho, mesmo que em outras funções. 

Outra faixa etária destacada é entre 20 a 30 anos, representando uma parcela de 19,4% de profissionais que estão começando a trajetória profissional, muitas vezes optando por iniciar no transporte de cargas. Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de 11,1% das profissionais têm entre 51 a 60 anos e somente 1,4% tem acima de 60 anos. 

Tempo de profissão

Quando perguntadas sobre o tempo de profissão é possível observar um aumento da participação destas mulheres nos últimos anos. De acordo com o estudo, 43,1% das mulheres caminhoneiras estão na profissão a menos de cinco anos. Cerca de 33,3% das profissionais já atuam no transporte de cargas entre cinco e dez anos e apenas 4,2% atua no transporte há mais de 26 anos. 

Ou seja, de acordo com estes dados, mais de 70% das mulheres caminhoneiras entraram no transporte nos últimos dez anos. Entre as participantes, 12.5% trabalha como motorista de caminhão entre 11 a 15 anos e cerca de 6.9% está na atividade entre 21 e 25 anos. 

Formato de trabalho

Das mulheres caminhoneiras entrevistadas, 72,2% trabalham em regime CLT, enquanto 27,8% atua como motorista autônoma. 

Principais motivos para se tornar caminhoneira

Entre os principais motivos citados pelas entrevistadas, 69,6% escolheu por amor à profissão. Já 14,2% citou a independência financeira como principal motivo, enquanto 6,1% disse que é a liberdade. Um percentual de 5,7% escolheu a profissão para seguir os passos do pai e 4,3% por necessidade. 

“Sensação” de segurança nas estradas

A sensação de que as estradas são inseguras foi um ponto apontado no estudo. As participantes foram perguntadas em relação à sensação de segurança atuando na profissão e aproximadamente 29,2% respondeu se sentir parcialmente segura. Porém, 26,4% não se sente segura e 22,2% se sente um pouco segura. Cerca de 18,1% se sente segura e apenas 4,2% se sente totalmente segura. 

Preconceito, assédio moral e sexual

Situações de preconceito foram citadas por 65,3% das mulheres que disseram ter passado por isso algumas vezes. Cerca de 19,4% sofreu preconceito frequentemente, enquanto 11.1% nunca sofreu e 4,2% passou pela situação uma vez.

Quando questionadas sobre situações de assédio moral, 45.8% das mulheres disseram ter passado por isso algumas vezes, enquanto 26.4% nunca sofreu este tipo de assédio. Cerca de 19,4% passou pela situação uma vez, enquanto 8,3% passa por assédio moral frequentemente.

Em relação a já ter sofrido assédio sexual, 37,5% afirma nunca ter passado pela situação, enquanto 36,1% sofreu este tipo de assédio algumas vezes. Cerca de 22,2% sofreu assédio sexual uma vez e 4,2% passa pela situação frequentemente. 

Receber menos por ser mulher e ter sua capacidade subestimada

Cerca de 70.8% garante nunca ter recebido menos somente por ser mulher, porém, aproximadamente 16,7% afirmou ter passado por isso algumas vezes. Já uma média de 6,9% passou pela situação uma vez, enquanto 5,6% relata passar por isso frequentemente.

Sobre ter sua capacidade subestimada, ou seja, ter colegas ou superiores que duvidam das suas capacidades profissionais, 69,4% passou por situações assim algumas vezes e 18.1% passa frequentemente. Por volta de 6.9% nunca teve a capacidade subestimada e 5,6% passou por isso uma vez.

Envolvimento em acidentes 

As entrevistadas foram perguntadas se já haviam se envolvido em algum acidente com o caminhão e 77,8% nunca sofreu nenhum acidente, enquanto 22.2% já se envolveu em algum sinistro. 

Vítima de roubo/furto de cargas

Cerca de 81.9% não foi vítima de nenhum roubo ou furto de cargas, porém, 18,1% já passou por situações assim.

Condição de infraestrutura dos postos de gasolina e PPDs

A pesquisa perguntou às mulheres caminhoneiras a opinião delas sobre a infraestrutura atual dos postos de gasolina e PPDs em relação aos banheiros femininos, limpeza, segurança, hospedagem etc. A intenção das perguntas era avaliar os locais existentes e entender como as profissionais enxergam a estrutura existente. 

Em relação à quantidade de banheiros femininos, 37.5% relatou que a atual estrutura é péssima, 33.3% apontou como ruim, 27.8% como regular e apenas 1.4% como bom. Isso demonstra que o básico de infraestrutura ainda é um problema para as mulheres caminhoneiras. 

Sobre a limpeza dos banheiros existentes, 37.5% avalia como péssima, 30,6% informou ser ruim, 30,6% apontou como regular e apenas 1,4% disse ser boa.

Em relação à segurança, 45.8% informou ser regular, 26.4% avaliou como ruim, 22% acha que a segurança é péssima e 5.6% avalia como boa. 

Para as opções de hospedagem, 41.7% informou ser regular, 33,3% acha péssimo, 19.4% acredita ser ruim e 5.6% acha bom.

As participantes também avaliaram a efetividade de algumas soluções, como vagas exclusivas para mulheres nos PPDs, vagas mais próximas aos prédios, câmeras de segurança, entre outras. São sugestões de melhorias apontadas para tornar os espaços mais acolhedores e seguros para as profissionais.

Em relação às vagas exclusivas para motoristas mulheres nos PPDs, 61,1% acha a ideia excelente, 18,1% afirma fazer alguma diferença, 9,7% acha que a solução não fará diferença e 5,6% acha que fará pouca diferença.

Sobre as vagas exclusivas para motoristas mulheres mais próximas das estruturas ou prédios dos PPDs, 59,7% acha uma excelente ideia, 20,8% acredita que fará alguma diferença, 6,9% acha que não fará diferença e para 4,2% fará pouca diferença. 

Sobre haver uma distância maior entre banheiros masculinos e femininos, 51,4% acha uma excelente ideia, 19,4% acredita que não fará diferença, 13,9% acha que a solução fará diferença e para 2,8%, fará pouca diferença.

Em relação às câmeras de segurança no acesso aos banheiros femininos, 73,6% acha a solução uma excelente ideia, 11,1% acredita que poderá fazer diferença, 9,7% respondeu que a solução fará alguma diferença e para 4,2% não fará diferença. 

O que elas dizem?

As mulheres puderam responder sobre percepções e dificuldades que encontram no dia a dia dos transportes de cargas. Sob anonimato, elas relataram alguns de seus casos e compartilharam o que acreditam que ainda pode melhorar. 

Confiram alguns relatos!

“Dificuldade maior para mim seria banheiro, porque ficamos vulneráveis. Já passei por situação de estar tomando banho e um homem entrar no banheiro”.

“No meu ver ainda é o preconceito que empresas contratantes e clientes têm com nós mulheres. Falta treinamento nas empresas que nos recebem! Muitos guardas e porteiros não têm treinamento adequado, as empresas também não têm suporte, como banheiro e estacionamento, dificultando nossa permanência na mesma”.

“Os banheiros femininos são a maior dificuldade para a mulher hoje na estrada, além da dificuldade para achar material de higiene para a mulher”. 

“Empresas que nos obrigam a usar banheiros masculinos por falta de estrutura”.

“Chuveiros com tempo. Muitas vezes não podemos lavar o cabelo porque a água acaba! E também às vezes se não abastecer, não temos direito ao banho e nem podemos pernoitar no pátio do posto!”. 

Meninas, a pesquisa da CNTA mostrou que as mulheres caminhoneiras ainda enfrentam muitas dificuldades na estrada e, que apesar de termos evoluído bastante nas condições de trabalho, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Por isso, a participação de empresas, caminhoneiras e o órgão do transporte são fundamentais para que soluções sejam criadas e mais mulheres se sintam encorajadas a se tornarem motoristas!

O que vocês acharam da pesquisa? Vocês também têm estas dificuldades? Participem com a gente e até a próxima!
 

8 Comentários

Elaine Bueno 25/03/2024 15:16

Excelente pesquisa, como cristal em 99% do tempo a maior dificuldade mesmo esta em relação a infraestrutura com banheiros com condições seguras e limpas. E falta de lugar para esperar quando a empresa não permite a entrada de acompanhante

Aline do nascimento ribeiro 25/03/2024 14:12

Otima pesquisa!nos mulheres seja motorista ou mulher de caminhoneiros temos privacoes! Inclusive uma delas e lugar pra nos ficar qndo viajamos e com banheiro higienizado!

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:11

🚌🚚

Dirce purkott 25/03/2024 13:31

Hoje nos mulheres ainda não somos aceitas em determinado lugar.e nos despreza... Por exemplo onde eu trabalho os motoristas homens e ajudante não aceita muito ver uma mulher trabalhando.eu sou a única do CD.

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:10

O Movimento tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância de mais mulheres no Transporte, me adicione no WhatsApp: 11-98921-6632

Maria dirce purkott 25/03/2024 13:27

dircepurkott@hotmail.com

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:02

Oi, Dirce ! Me adicione no WhatsApp. 11-9892-16632

Vanderleia Aparecida de Liz Lage 25/03/2024 13:25

Excelente pesquisa, a realidade de banheiros, segurança é verídica. E que a nossa Voz seja ouvida e as melhorias aconteçam no menor tempo, pois esses problemas são pra ontem.

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:04

É nossa luta diária. 😅

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:08

É nossa luta diária. 😅

Kenya 25/03/2024 13:18

A maior dificuldade que vemos hoje,é o preconceito,a falta de higiene básica e um lugar apropriado pra mulheres

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:07

Junto nossa voz ecoa mais forte .🥰

Santa Selvani Muniz 25/03/2024 13:14

Motorista

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:07

🚌🚚

Patrícia Maria De Jesus Souza 25/03/2024 13:13

Todas essa situação são verica mais a falta d banheiros e local seguro é a pior

Equipe A Voz Delas 26/03/2024 09:08

Muito Obrigada por seu parecer Patrícia.