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Dados do Senatran mostram que as condutoras são minoria, porém o número está crescendo

24/02/2023

Olá, tudo bem com vocês? A cada ano, o número de mulheres motoristas de caminhão está aumentando. Porém, de acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), até o final de 2022, somente 3,4% dos motoristas habilitados para dirigir veículos pesados, tais como caminhões, ônibus e carretas, são do sexo feminino. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de São Paulo, indicam que, em 2021, somente 1,51% dos 70.641 motoristas admitidos eram mulheres.

Contudo, o Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), parceiro do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP), afirma que houve um crescimento de 61%, desde o início do ano, no número de mulheres contratadas para o Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), embora a maioria delas ainda se concentre em áreas administrativas.

O crescente número de motoristas mulheres é um resultado das iniciativas de ESG, de acordo com Ana Jarrouge, CEO do SETCESP. “Grande parte das empresas têm cargos de motorista disponíveis e, somados aos princípios ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa, em um conjunto de práticas que visam ao desenvolvimento sustentável), estas oportunidades se tornam fundamentais para a manutenção da sustentabilidade dos negócios. A equipe de Recursos Humanos está sensível à diversidade nos processos de seleção”.

É fundamental que sejam implementadas ações que incentivem e facilitem a inserção de mulheres no mercado de trabalho e movimentos como o Vez&Voz, idealizado por Jarrouge é uma destas formas de introduzir as mulheres no TRC. Através deste movimento, são oferecidos cursos de qualificação, gestão e inclusão no mercado de trabalho para incentivar as motoristas. 

Solange Voss Emmendorfer, de 58 anos, é motorista de bitrem (um caminhão que é a combinação de dois semirreboques acoplados entre si) e defende que o conhecimento técnico da área é extremamente importante: “Fazer cursos de referência na área em que vá ingressar e procurar conhecer, pelo menos, um pouco da rotina do dia a dia da empresa em que ela pretenda entrar, pois o setor de transportes é muito amplo e cada empresa atua num segmento específico”, conta.

A capacitação e especialização de profissionais é importante em qualquer momento do mercado, mas em especial, quando a concorrência por vagas fica mais intensa. No trimestre que encerrou o ano de 2022, houve um aumento de 10,7% no número de colaboradores no setor de transporte, armazenagem e correio, com 513 mil novas pessoas, segundo informações divulgadas pela PNAD Contínua, publicada no dia 19 de janeiro. De acordo com os dados, no geral, o desemprego caiu 8,1% no final do ano, menor número desde 2015.

Dados do SETCESP revelam que, em 2021, ocorreram 32.094 admissões de motoristas mulheres em empresas de TRC. “As lideranças empresariais estão mudando de pensamento, até porque se não abrirem os olhos para todos os talentos, independentemente de gênero, raça, etnia, credo etc. estarão fadadas ao insucesso. A diversidade é real, necessária e a empresa que não estiver atenta a isso não perdurará no mercado”, conta Jarrouge.

A motorista Solange já atua há mais de 21 anos, começando em coletas e entregas em São Paulo e, atualmente, fazendo transferência rodoviária em um bitrem de 30 metros. Ela também acredita que o cenário está mudando: “Vejo um futuro bem promissor para as mulheres no transporte, mesmo porque as empresas estão visualizando o potencial feminino. As mulheres têm a capacidade no dito popular de assobiar e chupar cana, sem deixar a peteca cair”, revela. 

Diversos estudos têm sido divulgados com informações sobre os resultados positivos da participação feminina no mercado de trabalho. Segundo o Banco Mundial, por exemplo, a inclusão de mulheres no mercado pode trazer mais arrecadação para um país. De acordo com o órgão, é estimado que um país perca US$ 160 trilhões (R$ 855 trilhões) em impostos por não ter homens e mulheres trabalhando em status de igualdade.

Ana Jarrouge afirma que, nos últimos anos, as mulheres vêm sendo destaque no transporte de cargas e demonstram que possuem habilidade para dirigir qualquer veículo, sendo mais cuidadosas e, até mesmo, se envolvendo em menos acidentes. Ela reforça que as mulheres seguem sendo aplaudidas pelo empenho e vontade em se qualificar cada vez mais e que a piada sobre a inaptidão feminina ao volante perdeu toda a graça, especialmente com a aprovação da Lei 2.493/22, que propõe a reserva de 5% às mulheres em vagas de trabalho como motorista profissional.

O projeto de Lei 2.493/22, que foi aprovado, está atualmente aguardando a designação de relator na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. É uma das ações tomadas pelo poder público para incentivar empresas a incluir mulheres em seus quadros de funcionários. Segundo Ana, políticas públicas são indispensáveis, mas o que existe pode ser melhorado para ampliar o acesso das mulheres cada vez mais. 

A executiva destaca que falar sobre a presença de mulheres no TRC não é só um assunto da moda, mas uma mudança de postura, de comportamento e, principalmente, de oportunidades: “Falar sobre mulheres não é modismo como muitos pensam. Simplesmente é uma questão social de extrema importância, da qual teremos que falar que a sociedade, como um todo, perceba que as condições, as oportunidades e o espaço sejam igualitários, o que não é”, desabafa. 

E, por fim, reforça que grande mudança na sociedade se faz em conjunto e quanto mais vozes estiverem juntas, mais alto serão ouvidas: “O esforço e a lembrança são necessários para que tudo isto ocorra. Não queremos ter mais do que os homens, queremos ter as mesmas oportunidades. Queremos ter vez e voz, sempre”, finaliza a presidente executiva.

Meninas, quem acompanha o TRC há alguns anos, consegue perceber nitidamente que a participação das mulheres está aumentando. Seja na condução dos caminhões e até mesmo de ônibus, mais motoristas surgem e isso é resultado de um trabalho feito por muitas mãos ao longo dos anos. As mulheres ainda são minoria no comando da cabine, mas aos poucos elas vão surgindo. 

Vocês desejam ser motoristas dos pesados? Conhecem alguma mulher com este sonho? Compartilhem está notícia e mais conteúdos do Movimento A Voz Delas. 

Até a próxima!

1 Comentários

Daiane Moreira Coelho Vieira 06/03/2023 10:17

Tenho notado muitas mulheres dirigindo carretas para mim e espetacular, ainda quero chegar a esse nível estou me dedicado dia após dia para realizar como uma grande profissional nas carretas.