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Saúde & Bem-Estar

Como lidar com o estresse no volante provocado pela profissão?

20/09/2023

Para quem tem a rotina corrida das estradas, do trânsito e da pressão por prazos de chegada, sabe o quanto é desgastante e cansativa esta jornada. Por isso, o estresse no volante, assim como outras doenças físicas e emocionais, são constantes entre os motoristas de caminhão e ônibus. Os males causados por situações que cercam o cotidiano destes profissionais, além da necessidade de lidar com condições extremas de trabalho, podem causar muito mais do que simples dores de cabeça aos motoristas.

O ambiente e as circunstâncias da jornada de trabalho influenciam positiva ou negativamente na saúde de uma pessoa, já que cada um tem seu próprio nível de sensibilidade, paciência e tolerância. No entanto, as questões emocionais muitas vezes passam despercebidas por transportadores de todo o Brasil, já que de maneira geral, não são doenças que podem ser perceptíveis fisicamente, mas sim pelo modo comportamental da pessoa.
 
As más condições emocionais e mentais são recorrentes em diversas profissões, porém, algumas estão sujeitas a mais picos de estresse, já que grande parte de tudo o que envolve o dia a dia de um motorista nem sempre está sob seu alcance. E quando os problemas psicológicos começam a causar danos físicos é um sinal de que a situação se agravou e chegou a hora de procurar ajuda médica.

 No Brasil, os caminhoneiros enfrentam uma luta que persiste há décadas por melhores condições de trabalho e reconhecimento da atividade. Inúmeros debates na CDH (Comissão de Direitos Humanos) já foram feitos em prol dos caminhoneiros, mas a realidade do setor de transporte ainda é desfavorável aos profissionais. A carga horária, um dos maiores questionamentos dos condutores, junto com o risco à segurança (assaltos e saques), são os principais causadores de doenças psicológicas e do estresse ao volante.

Vários fatores podem levar os motoristas a excederem sua jornada de trabalho normal, como a urgência para entregar a carga e não ultrapassar o tempo de entrega garantido pela transportadora ao cliente, ou até mesmo para não perder a carga que muitas vezes já está à espera do caminhão que ainda nem chegou. Diante da situação, os motoristas precisam dirigir por muito mais de oito horas diárias, diversas vezes, chegando a quase dobrar o turno, conduzindo por dez ou até 12 horas. 

Estas circunstâncias cotidianas levam muitas vezes a soluções não indicadas para que o profissional dê conta da “missão”, por meio da utilização de algum tipo de droga ou entorpecente que apenas mascara a sensação de bem-estar ou de condicionamento físico ideal para o volante, levando ao aumento de estresse, má alimentação e ansiedade, além dos prejuízos físicos e dos transtornos psicológicos graves, como depressão, bipolaridade, insegurança, agressividade, entre outros.

Segundo especialistas da saúde, a ansiedade e o estresse são as doenças que mais afetam estes profissionais e acarretam problemas graves à saúde mental e ao bem-estar dos motoristas de caminhões e ônibus. A falta de concentração, o nervosismo e a agitação são as principais consequências destas doenças, decorrentes de excesso de trabalho e pressão psicológica. Outro risco à saúde é o aumento do uso de álcool ou de medicamento. 

Uma pesquisa realizada pela UFS (Universidade Federal de Sergipe) concluiu que quase 50% dos motoristas entrevistados fazem uso de algum tipo de medicamento para se manterem acordados ao volante, os chamados rebites. Outra questão apontada pelo estudo é o uso destas substâncias por mais de cinco vezes por semana. Dos entrevistados, 20% afirmaram consumir as drogas nesta frequência. O uso de medicamentos para permanecer acordado é a pior opção que o condutor pode escolher. O ideal é que ele nunca exceda sua carga horária.

Ainda que no caso dos condutores de veículos urbanos o estresse possa ser ainda maior, principalmente pelo tráfego intenso das grandes metrópoles do país, o motorista rodoviário enfrenta outra circunstância que o coloca entre os profissionais mais propensos a sofrerem com doenças psicológicas: a falta de convívio familiar. Os profissionais das estradas chegam a ficar 20 ou até 30 dias longe de casa e dos familiares, muitas vezes ultrapassando esta quantidade e passando muito mais tempo longe dos parentes.

De acordo especialistas em saúde mental e psiquiatria, esta é uma questão relevante e merece atenção. De acordo com os pesquisadores, situações assim geram um nível de ansiedade muito grande, agitação e aceleração dos pensamentos, o que aumenta significativamente o nível de estresse de um profissional, diminuindo bastante a sua concentração e desempenho. A convivência social também é levada em conta quando pensamos nos altos índices de estresse entre os motoristas profissionais. 

Uma pesquisa realizada pela Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, revelou que as pessoas praticantes de boa convivência social, com amigos e familiares, chegam a viver 50% a mais do que as que vivem isoladamente. O isolamento, inclusive, pode reduzir a vida de uma pessoa mais do que o sedentarismo ou até mesmo a obesidade, de acordo com a pesquisa. 

Por isso, é fundamental que, mesmo ausente do convívio familiar, a pessoa adote práticas simples de aproximação, como ligar sempre que possível para seus familiares, tirar férias dedicadas ao lazer com os entes queridos e fazer novas amizades.

Estresse no volante: dicas para o motorista

1. Observe seu comportamento: analise qual foi a sua reação diante de certas situações, como no trânsito, por exemplo, e identifique se podia ter sido diferente. Desta forma, você vai passar a se policiar mais e garantir um controle emocional muito bom, que pode, inclusive, beneficiá-lo no desempenho do trabalho.

2. O que pensam de você: observe como as pessoas definem você, como o tratam e como você gostaria de ser tratado. Busque transmitir o que realmente deseja. Esta é uma maneira de conhecer e melhorar seu autocontrole e sua autocrítica.

3. Compreenda suas condições de vida: dê valor às coisas boas que estão a sua volta, encare sua realidade de vida, mas não se acomode, procurando sempre melhorá-la.

4. Exercite os pensamentos positivos: dê atenção às coisas boas que você já realizou ou que pretende realizar. Evite os pensamentos negativos ou que vão deixar seu dia mais tenso e cheio de preocupações.

5. Mantenha-se perto da família: sempre que possível ligue para sua família, ou leve-os para viajar com você, mesmo que seja a trabalho.

6. Pratique atividade física: escolha um tipo de exercício que dê prazer a você, mas que não faça nenhum mal à saúde física. Isso irá descontraí-lo e deixá-lo mais relaxado.

7. Converse com um profissional: é importante você consultar um psicólogo mesmo que sinta-se bem emocionalmente, pois muitas vezes, algo pode ser melhorado com simples dicas de um especialista.

8. Evite discussões: muitos bate-bocas não valem a pena e só irão estressá-lo. Releve e tente não ficar pensando nisso.

9. Transforme o mal em bem: aceite as críticas e transforme-as em energia para melhorar seu desempenho e superá-las.

10. Supere as dificuldades à sua maneira: encare conscientemente os problemas do seu trabalho, lute pelo que for possível mudar, mas não deixe isso ser algo desgastante e se sobrepor ao lado positivo de suas conquistas até o momento.
 

Fonte: O Carreteiro

2 Comentários

Edson dos Santos Silva 22/09/2023 14:12

Muito legal isso

Soelma Alves Lima 20/09/2023 10:40

Ameiii a matéria, dicas muito importante e já faz parte do meu dia a dia . 👏❤️