Olá, meninas! Tudo bem com vocês? Conhecer a história de mulheres fortes e inspiradoras nos faz ter a certeza de que desistir nunca é uma opção. E hoje, vamos conhecer a história da Flávia Cardoso, de 40 anos, instrutora de trânsito para categoria AE, mais uma apaixonada por caminhões. Herdou esse amor de seu pai, que era caminhoneiro. Sempre admirou a profissão do pai e desde cedo reconhecia a garra e dedicação que esse trabalho exige. A paixão de verdade surgiu na adolescência, mas ela conta que por volta dos 10 anos, já falava que ia viajar e dirigir como seu pai. Quando criança, imaginava como seria viajar por todo o país: “Amava as histórias. Até hoje sou fascinada. Eu sabia que a vida dele na estrada era muito desafiadora, mesmo naquela época”, compartilha Flávia.

Porém, apesar de amar a profissão que tinha, seu pai não demonstrou tanta alegria com a escolha da filha: “Sempre que eu falava isso, ele dizia que dirigir caminhão não era coisa de mulher, e eu não deveria ser caminhoneira!”, relembra Flávia. 

Ela ainda não entendia direito porque seu pai dizia que ela não poderia fazer aquilo que admirava, mas no fundo, sabia que poderia ser capaz e assim que alcançou a idade, mesmo sem a aprovação do pai, decidiu tirar as habilitações necessárias.

Flávia resolveu seguir seu coração, mesmo sabendo que isso poderia trazer uma certa resistência na sua família: “Iniciei minha carreira como motorista de van escolar e dirigindo caminhões de entregas, mas percebia que naquele tempo, por ser mulher e não ter tanta experiência no trecho, era bem discriminada. Mas havia um fato que me incomodava muito, que as pessoas falavam do fato de eu estar acima do peso. Todos me julgavam segundo a aparência, ninguém segundo a minha essência”, relembra.

Foi nesse momento que Flávia entendeu o porquê seu pai era resistente à sua entrada na profissão, pois sabia que a filha enfrentaria esses desafios. Porém, essas coisas não foram suficientes para impedir que a motorista avançasse na carreira: “O tempo passou e me tornei instrutora de trânsito para categoria AE, atuando há mais de 15 anos na profissão, e a paixão por instruir e ajudar pessoas a atingir seus objetivos ficou bem clara”, destaca.

Flávia conta que estava feliz com sua profissão, mas que seu sonho era bem maior: “Eu queria estar no meio dos caminhões, instruir e ensinar pessoas que não tiveram oportunidade ainda de mudar suas vidas. Mas, queria estar com os pesados”, relembra a instrutora. Os sonhos estavam sendo realizados, mas, como muitas vezes na vida as coisas não são exatamente como desejamos, um novo desafio surgiu: por estar acima do peso, Flávia teve alguns problemas que a fizeram olhar mais para sua saúde.

“Algum tempo atrás enfrentei alguns problemas de saúde, relacionados à OBESIDADE. Hoje, no mundo inteiro, a discriminação aos obesos ocorre mais do que se imagina, pois tem sido não só um problema pessoal, mas também social, no que diz respeito aos indivíduos envolvidos”, desabafa.

Assim como toda mulher forte e batalhadora, Flávia não desistiu de sua tão sonhada carreira com o caminhão, mesmo não tendo perspectivas. Porém, ela sabia que para se dedicar à profissão, precisaria estar em dia com a sua saúde, por isso, resolveu fazer alguns procedimentos e tratar a obesidade: “comecei a tratar minha saúde, consegui uma redução de peso, mas não desisti do meu sonho”, relembra.

Quando conseguiu se recuperar dos procedimentos, voltou a pesquisar o mercado e buscar informações sobre qualificação profissional, principalmente voltada para o segmento dos caminhões. Foi quando conheceu a FABET e teve a oportunidade de qualificar em vários cursos especializados na área de veículos pesados. Para ela, esse momento foi um novo recomeço: “A FABET foi um divisor de águas em minha vida”, conta Flávia.

Ao ingressar na FABET, descobriu um novo universo e sentiu que poderia ir muito além do que havia pensado: “Lá eu conheci uma equipe sensacional de profissionais e a pessoa da Salete Argenton que cuida e zela por cada ser humano que passa pela Instituição. Aprendi muito nesse período e me ajudou a me sentir mais confiante”, confessa. Flávia concluiu os cursos e ingressou no mercado de trabalho fazendo o que sonhou ainda criança: dirigindo caminhões e instruindo profissionais, que assim como ela esteve um dia, estão em busca de capacitação.

Apesar do crescimento profissional e da incrível competência que possui, notava que o preconceito e a desconfiança em relação às mulheres dirigindo caminhões ainda era bem forte: “Mesmo vencendo minhas limitações físicas, me qualificando e colocando toda minha experiência à disposição, eu tinha minhas habilidades profissionais questionadas constantemente pelo machismo de alguns que diziam: - Eu vou ser treinado por uma instrutora mulher? - Eu vou ser avaliado por uma instrutora mulher? Mas eu seguia assim mesmo”

Essas situações não desanimaram Flávia, que aos poucos foi sabendo como lidar com comentários assim e conquistando todos por onde passava: “Onde encontrei muita resistência, também encontrei muita empatia e apoio, por isso acredito que hoje estamos evoluindo de uma forma fantástica e recebendo ajuda de várias empresas do setor, que ampliaram a equidade dentro das transportadoras, e também de muitos movimentos como o A VOZ DELAS”, destaca a profissional.

O tempo passou, Flávia se dedicou, enfrentou algumas derrotas e celebrou outras vitórias, escrevendo a cada dia uma nova página de sua carreira. Atualmente, é a primeira instrutora mulher para veículos pesados de uma das maiores transportadoras do país, que possui programas exclusivos de contratação e qualificação de mulheres na profissão de motoristas, apoiando constantemente seu trabalho na formação dessas profissionais. A resistência em relação à sua profissão, os desafios encontrados no dia a dia e os problemas de saúde poderiam tê-la feito desistir. Mas, como mencionado no início, para ela, desistir nunca foi uma opção: “Minha frase para qualquer pessoa é: ‘Nunca desista por achar que, por alguma limitação, você não possa atingir seu objetivo, seja ela física ou de qualquer outra natureza. Tudo está dentro da nossa mente. Acredite em você e o universo sempre estará a seu favor!’”.

Meninas, persistência e resiliência são palavras que podemos usar para definir a história dessa grande profissional. Afinal, ela sempre demonstrou muita vontade de realizar seus sonhos, mesmo quando tudo parecia ser contrário. E por persistir neles, conquistou seu espaço, alcançou sua posição e tem se mostrado uma excelente profissional, que inspira diversas mulheres que também buscam escrever sua história através do caminhão. 

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