Olá, meninas! Tudo bem com vocês? Sempre recebemos histórias de mulheres que enfrentaram as resistências e dificuldades e foram atrás de seus sonhos. Esse é o caso de Vanessa Mariano, caminhoneira e influencer, de 40 anos, nascida e criada em Ponta Grossa, Paraná.

Vanessa já conhecia o universo dos pesados, porque seu pai era caminhoneiro e sempre teve aquela vontade de dirigir caminhão, mas se contentava com o emprego de vendedora na loja de pneus. Um belo dia, tomou a decisão de começar a realizar seus sonhos. 

“Não quis ficar mais na loja vendendo pneus, queria estar na rua fazendo a coleta. Trabalhava com uma caminhonete ¾ com meu primo de ajudante, porque tinha que carregar, e fazíamos a carga de pneus”. 

Por ser de uma família que já vivia entre caminhões, achou que seria mais fácil ter o apoio deles nessa mudança: “Sempre tive o apoio da minha família, mas acho que eles não acreditavam que eu seguiria a profissão. Quando falava para meu pai: ‘vou virar caminhoneira’, ele falava: ‘loucura menina’, conta”.

Mas, ela já havia decidido que seria caminhoneira de qualquer jeito, então, o apoio da família veio mesmo quando eles já não tinham mais o que fazer. Ela conta que esperou seu filho completar 5 anos de idade para seguir em frente e contou com a ajuda da mãe que cuidou do seu filho, para que ela pudesse seguir este sonho.

Mesmo sendo independente e morando em sua casa própria, nunca deixou de ouvir os pais. Após tomar esta decisão, a primeira coisa que pensou foi em informar à família que gostaria de ir atrás de seus sonhos: “Quando fui comunicar que tirei a CNH profissional e que realmente seguiria a profissão, meu pai não acreditou muito, mas, minha irmã falou para ele: ‘pai, ela não quer outra vida, deixa ela ser feliz’”.

Filha de caminhoneiro, ela sabia bem que a profissão é puxada e exige muito mais do que saber dirigir caminhão, por isso, foi sincera quando disse ao seu pai que não estava mais sendo feliz como vendedora e que estava na hora de arriscar. Seu pai sabia que não poderia a impedir, então a apoiou, mas antes da conversa acabar disse: “Menina, não te dou 6 meses”, mas já se tornaram 9 anos. 

Vanessa sempre foi muito apegada ao pai e sabe que ele falava isso para ela por ter aquele medo comum dos pais, de que pudesse acontecer qualquer coisa, mas, ela conta que diante de tanta competência e dedicação, seu pai viu que ela levava jeito e hoje é o seu maior incentivador. Inclusive, atualmente, ele a ajuda desde a contratação de frete, até a manutenção e em tudo mais que precisar.

Este apoio que recebeu do pai fez toda a diferença no sucesso de Vanessa. Ela conta que seu amor pelo caminhão vem do pai, que sempre teve caminhão. Não é à toa que suas tias diziam que ela era a menina com sonhos de menino. Desde cedo começou a ajudar o pai no processo de venda de pneus, mas por mais que fosse muito bem na atividade, sabia que não era isso que queria fazer da vida. 

Nas férias, sempre ia com o pai carregar a safra e alimentou o sonho de conhecer o Brasil viajando no pesado.  Com o tempo, foi discretamente trocando de categorias na CNH e quando passou para a categoria C, já não ficou mais na loja e começou a sair para fazer as coletas junto com seu primo, que a ajudou muito nesta fase. 

Depois de um tempo, passou a CNH da categoria C para a E. Vanessa conta que a CNH foi sua libertação, já que nesse período vivia em um relacionamento tóxico que só estava fazendo mal para ela. Por isso, sempre diz que o caminhão foi um dos seus escapes para a liberdade e que assim pode se encontrar como mulher e mãe.

Vanessa sempre soube que as mulheres que decidem por essa profissão têm alguns desafios a mais que os homens. Ela conta que o preconceito com mulheres no volante dos pesados existe até hoje, mas sabe que é muito maior que isso e sabe que seus sonhos também são bem maiores que as dificuldades e julgamentos que surgem em sua jornada: “Sempre trabalhei em um mundo masculino. Na venda de pneus, 90% são homens, mas nunca deixei o preconceito frear meus sonhos”.

Além das dificuldades com o preconceito no dia a dia, Vanessa também precisa enfrentar os desafios comuns a todos os caminhoneiros. Como profissional autônoma, sente o impacto dos custos no transporte: “Está sendo muito difícil manter o caminhão, os custos estão altos, mas o prazer de estar nas estradas e a liberdade que essa profissão me permite, não tem preço”.

Ela conta que, por meio do caminhão, descobriu que o mundo é muito maior do que imaginava e que toda profissão tem suas dificuldades. E, como sempre, por mais que a gente planeje toda a nossa vida, sempre tem alguma surpresa reservada. Com Vanessa não foi diferente e quando as coisas estavam caminhando bem, uma coisa triste aconteceu.  

“Sofri um acidente em 2017, na Serra de Garuva. Mesmo estando a 35km por hora, tinha óleo na pista e o caminhão deu ‘L’. Neste acidente quebrei o braço, fiquei sem o movimento da mão e tive que fazer muitas sessões de fisioterapia. Foi uma luta diária, cada milímetro de movimento era uma vitória. Mas com isso, fiquei 5 a 6 meses parada”.

Depois do acidente, que ela reforça que não foi por imprudência dela, a visão que Vanessa tinha da estrada mudou bastante. Hoje, depois de ter passado por isso, ela costuma dar um conselho para todas as caminhoneiras: "Estejam sempre atentas a tudo nas estradas, porque o trânsito não depende só de vocês. Dirijam por vocês, pelo outro e pelo pedestre”. 

Com alguns anos de estrada, Vanessa viu seu sonho se realizar, mas também precisou mudar muitas coisas em si mesma para continuar na profissão: “Muita coisa mudou na minha vida. Nas férias, sempre levava meu filho comigo, mas depois do acidente, não levo com a mesma frequência, porque penso que se acontecer alguma coisa e eu estiver sozinha, é só comigo, mas, se ele estiver junto nunca vou me perdoar”. 

A profissional sabe que estar na estrada é estar correndo riscos diários, por isso, além de todo cuidado que tem na direção, conta com a sua fé e com a ajuda divina: “Aprendi a agradecer todos os dias pelos livramentos que vejo e até pelos que nem vejo. Porque se não for Deus para nos guardar, não saímos nem de casa”. 

Uma outra surpresa apareceu para Vanessa, mas desta vez, uma coisa boa. Ela começou a compartilhar o seu dia a dia nas estradas e assim começou a vida de influencer e conta que só tinha um Facebook e que, quando percebeu, já estava nas redes. Segundo Vanessa, sua intenção era deixar relatos de como estava sendo sua vida, tipo um diário para o dia que não estivesse mais aqui, para que suas futuras gerações pudessem ver o que fez e por onde passou na profissão de caminhoneira.

“Jamais imaginei que teria tantos seguidores e que inspiraria tantas mulheres com meu trabalho. Tenho muita responsabilidade em tudo que falo e faço e só agradeço a Deus, sempre peço para que ele me direcione da forma correta para ser um bom exemplo para as pessoas”, conta. 

Vanessa é mais uma mulher de garra e determinação que foi atrás de seus sonhos e, assim como ela, sabemos que muitas outras também estão nesta jornada. Por isso, a profissional sempre compartilha uma frase que a motiva muito: “Se você tem um sonho, lute por ele, busque, acredite, coloque nas mãos de Deus. Ele faz a parte dele, mas faça a sua também e batalhe pelo que quer. Nunca se esqueça de que os planos de Deus são maiores que os nossos”. 

Segundo Vanessa, tudo só foi possível graças a Deus e à família, que sempre esteve ao seu lado: “Sou muito grata a minha família, meus pais, minhas irmãs Carla, Karine e meu filho Carlos Leonardo, que compreende minha profissão”. Além deles, claro, ela não se esquece dos seus seguidores: “Todos eles me impulsionam a não desistir diante das dificuldades”. 

Meninas, essa foi a história da Vanessa, que, assim como muitas mulheres, resistiu às dificuldades e realizaram seus sonhos de trabalhar com o que amam. Se essa é a vontade de vocês, o que vocês estão fazendo para realizar seus sonhos também? E, se vocês gostaram da história, comentem aqui embaixo e compartilhem! Até a próxima!