Caminhoneira de 72 anos recebe homenagem por mais de duas décadas de profissão

18/09/2023

Oi, meninas! Tudo certo com vocês? Imaginem realizar um grande sonho de vida? Agora, imaginem alcançar este sonho após os 50 anos? Katsue Takei, moradora de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo, tem 72 anos e desde criança era apaixonada pelo ronco dos motores de caminhão. Mesmo não tendo nenhuma ligação com os pesados ou com os transportes, sempre foi fascinada por este universo e alimentava seu sonho de ter o próprio bruto. Mas, Dona Katsue não tinha nem ideia do que ainda a esperava. 

Katsue se casou e o marido, embora ficasse preocupado com a ideia de ver sua esposa na estrada diariamente, apoiava a vontade dela de ter, e dirigir, um caminhão. Os filhos também foram um grande ponto de apoio e por isso ela não abandonava aquele sonho: "Sempre gostei de caminhão. E para trabalhar com caminhão, meu marido que me incentivou", relembra. Observando o alto fluxo de caminhões na região onde morava, pensava em formas de realizar seu grande sonho.

Até que, quando fez 50 anos, Dona Katsue decidiu que havia chegado a hora de tornar real algo que sempre imaginava: adquiriu seu primeiro caminhão que seria usado para auxiliar nas despesas de casa. "Quando eu tive a oportunidade de trabalhar com o caminhão fiquei muito feliz. E estou até hoje. Já faz mais de 20 anos que estou na profissão", destaca. 

O primeiro caminhão foi um clássico das estradas: um Mercedes-Benz 1313: "Os três filhos ficaram com medo, mas lembro que minha filha disse que se fosse uma vontade minha me apoiaria e torceria por mim", conta. A princípio, ela contratou um motorista para transportar bagaço de cana para cidades paulistas, como Sorocaba, Piracicaba e Itapira, além de ocasionalmente passar por municípios de Minas Gerais. 

Foi assim durante alguns anos e passando por outros tantos caminhões, que em 2009 o motorista contratado sofreu um acidente com o Atego 2425 da época e ficou impossibilitado de dirigir. Para não parar a empresa, Katsue resolveu ela mesma assumir o volante. A empreendedora havia dado mais um passo para seu sonho e, agora, além de dona do caminhão, também era responsável por guiar e cuidar do pesado: "Na primeira vez, fiquei com medo por causa do tamanho, mas rapidinho peguei a prática”, lembra.

No alto dos seus 72 anos, Katsue tem uma rotina bem mais puxada que a de muitos jovens. Trabalha de segunda a sábado, acordando à 1h da madrugada para pegar a estrada e retornando por volta das 18h. Hoje viúva, mora com a irmã, de 85 anos e além dos filhos, está prestes a ser avó pela primeira vez. Neste ritmo, parar não é uma opção para ela: “Com a idade que eu tenho, se eu ficar em casa acabo doente. Preciso fazer o que gosto e eu amo dirigir caminhão, ter aquela visão da estrada, ouvindo música...”, conta.

Trabalhar com seu Atego 2430 é o que deixa Dona Katsue feliz e com a sensação de realização. Ela garante que ama a profissão e que nas estradas se sente livre: "Hoje continuo com esta profissão. Eu amo. Me sinto livre como um pássaro voando", comenta. Com tanta determinação e paixão pelo que faz, Katsue é uma figura muito querida entre os colegas de profissão e faz sucesso por onde passa, recebendo buzinas de cumprimento pela estrada. E ela é fonte de inspiração para muita gente. 

A presença de Katsue é marcante até mesmo entre os colaboradores da concessionária que atende ela desde 2009. E por conhecer a história da profissional e também sua paixão por caminhões, a Mercedes-Benz e a Rodobens prepararam uma entrega especial para a cliente. Quando foi buscar seu novo caminhão, o que ela trabalha hoje, recebeu o veículo junto com uma homenagem, com direito ao recebimento de placa, flores e outros mimos, incluindo a presença de uma representante do Movimento A Voz Delas.

Nem tudo são flores

Para Dona Katsue, as dificuldades fazem parte do trajeto e sempre foi assim. Mas, tem algumas coisas que, mesmo com mais de 20 anos de profissão, ainda a preocupam. Para ela, a parte difícil é lidar com o perigo dos assaltos: "Para mim, só isso... Já sofri várias vezes com assaltos. Praticamente todas as semanas. Uma vez foi na Dutra. Umas dez vezes na Fernão Dias e muitas vezes na Marginal Tietê. Duas vezes na Castelo Branco", conta. Mas, nem mesmo esta quantidade de assaltos foram tão assustadoras quanto um caso que passou em 2012. Dona Katsue foi abordada por dois indivíduos que a sequestraram.

A caminhoneira dirigia pela rodovia quando os homens sinalizaram que algo estava caindo do caminhão. Mesmo com toda a sua experiência e ciência do risco, resolveu parar para ter a certeza de que estava tudo bem: “Eu sempre avisei meus colegas para nunca parar o carro no meio da estrada, mas na hora acabei parando. Eram dois bandidos que pegaram o caminhão e me levaram com eles", relembra. 

Dona Katsue passou cerca de uma hora rodando com os bandidos, mas sempre tentando manter a calma e acalmá-los: “Conversei muito com eles, expliquei que ainda estava pagando o caminhão, que era meu sustento".

Graças à forma como Dona Katsue lidou com a situação, o caso acabou bem. Ela conta que, no fim, eles a deixaram ir e devolveram o caminhão. Este episódio poderia traumatizar ela, mas se tornou mais um exemplo de coragem e muito esforço da caminhoneira, que já passou por muitas aventuras e garante que, se depender dela, muitas outras virão: “Enquanto eu estiver com saúde, vou continuar dirigindo”, promete. 

Ela conta que depois que foi sequestrada, nunca mais houve ameaça de assalto, mas que ainda assim vai continuar no volante: "Não desisto, amo o que faço", conta. Dona Katsue viveu, e vive, a busca das mulheres por mais espaço no setor de transporte e mesmo com tantas dificuldades que passou fala com muito amor de seu trabalho e garante que não sabe mais viver sem seu caminhão. 

Com tanta experiência, ela deixou uma mensagem para todas as mulheres que também buscam realizar este sonho: "A motivação que deixo para as mulheres que querem se tornar caminhoneiras é seguirem seus sonhos, pois é algo muito gratificante. O que me inspira é o sentimento de liberdade que o caminhão traz", reforça. 

Meninas, sabemos que ser caminhoneira ou motorista de ônibus não é fácil e requer muitos esforços e superação para se manter na profissão, isso porque envolve muitas situações que não são do controle da profissional, como, por exemplo, os assaltos sofridos por Dona Katsue, ou outras situações complicadas que a profissional pode passar. Mas, assim como em outras profissões, o dia a dia vai promovendo mais confiança e hoje é possível encontrar muito mais informação e até capacitação para aprimorar o trabalho. 

Que a história da Dona Katsue inspire muitas mulheres a realizarem seus sonhos. Vocês que já são caminhoneiras ou motoristas de ônibus, compartilhem com amigas que precisam conhecer esta história para se inspirarem também.

Até a próxima!

3 Comentários

Marcos olimpio dos Santos 21/09/2023 18:08

Muito bom guerreiras da estradas

Dhaisa 18/09/2023 17:18

Uauuu 🤩🤩🤩 que história linda 😍😍 inspiração, motivação e grande exemplo de Determinação 👏🏻👏🏻👏🏻

Daiane Moreira Coelho Vieira 18/09/2023 17:06

Dona katsue e exemplo sua história e linda...