Olá, meninas! Tudo bem com vocês? Conseguem ouvir essas palmas? Sim! Palmas para vocês, porque hoje é o Dia Internacional da Igualdade Feminina e nós, do Movimento A Voz Delas, gostaríamos de parabenizar a todas, que ao longo dos anos têm demonstrado sua força em diversas áreas de atuação com amor, carinho, delicadeza e muita resiliência.

Este dia, mais do que uma homenagem à resistência e luta das mulheres e ao gênero feminino, é uma data de reflexão sobre as transformações que ainda devem acontecer para que seja alcançada a plena igualdade.

Por isso gostaríamos de dividir com vocês a história de Naira Maria, que não permitiu que ninguém colocasse limites aos seus sonhos.

Ela conta que começou a trabalhar no setor de transportes com pouco mais de 20 anos, no departamento de compras de uma transportadora. Nesse início, fazia algumas atividades para o financeiro e, um tempo depois, foi trabalhar no almoxarifado, até ser promovida para a área de suprimentos.

Tudo seguia tranquilamente na vida de Naira, até que a transportadora resolveu abrir uma filial no Nordeste, mais precisamente no Rio Grande do Norte, e a enviou para o Estado, com o objetivo de implantar a área de almoxarifado.

Quando chegou na filial, ficou sabendo que a pessoa que havia sido escolhida para coordenar a área de manutenção tinha desistido de assumir o posto. Foi quando um colega a incentivou, dizendo que era ela quem deveria assumir a vaga.

Ela descreve que na hora se assustou com a ideia, mas com os argumentos do colega foi mudando de ideia: “Fiquei espantada – Eu? Por que eu?! Aí ele me falou: ‘Você conhece todas as peças, sabe como funciona o sistema e outra, você gosta de mandar’,” disse dando risada. 

A sugestão do colega acabou chegando até o gerente da transportadora, que gostou da ideia, porque sabia da competência de Naira.

Ela lembra que na época estava realizando um curso de estética e pensava seriamente em mudar para uma área completamente diferente. Mas, sabia que poderia crescer muito e resolveu agarrar aquela oportunidade: “Sempre gostei de maquiagem e de moda, e ainda gosto muito, mas hoje é apenas um hobby”, conta.

Naira revela que, no começo, sentia uma certa resistência por parte de seu pai em aceitar essa função, justamente por saber que essa área é bastante masculina. Mas a persistência e a força feminina falaram mais alto e as coisas foram se ajeitando: “Com o tempo, ele foi vendo que a empresa era séria e, eu mesma, fui conquistando meu espaço e respeito”, relembra.

Sobre os desafios encontrados por mulheres que trabalham na área de transportes, como a resistência masculina, por exemplo, Naira conta que sempre conseguiu desenvolver seu trabalho, mas que durante a trajetória, ela precisou contornar algumas situações. 

Ela conta que bem no comecinho desse trabalho, precisou se impor um pouco mais, mas que isso não se tornou um problema: “Quando virei líder da manutenção, tive um episódio com um mecânico, que disse que eu estava falando demais para quem não sabia consertar um carro. Eu só respondi que eu estava lá para coordenar e quem tinha que consertar era ele e não eu”. 

Naira fala que já passou por vários setores na área de transportes, por isso, conhecia bem os materiais que eram usados pelos profissionais. Ela acredita que a situação vivida foi uma oportunidade de mostrar a sua competência: “Eu conheço o que é um motor, um óleo, um filtro, mas aquela demanda quem tinha que saber era ele. Foi uma única vez”.

A relação de Naira com os colegas de trabalho sempre foi muito boa e ela acredita que isso é uma diferencial importante, já que para lidar com tantas pessoas é preciso levar jeito: “Procuro me dar bem com todo mundo, isso tem dado certo, mesmo que a gente não consiga agradar a todos o tempo inteiro”.

Mas, como a vida é cheia de ciclos, depois de anos de trabalho, o ciclo se fechou nessa transportadora. Ela conta que isso ocorreu bem no início da pandemia e as coisas ficaram ainda mais difíceis para todos.

O golpe dolorido não a abalou e Naira ficou sabendo que, uma empresa já conhecida dela, estava indo para o Rio de Janeiro. Com muita esperança e pensamento positivo, mandou seu currículo e foi chamada: “A empresa estava iniciando uma operação dedicada para o transporte de pesados”, relembra.

Ela foi contratada e por sua experiência voltou a coordenar novamente a equipe de mecânicos e a parte administrativa de controle de manutenção dos veículos: “Minha tarefa é direcionar o veículo que precisa parar para fazer uma manutenção, tanto preventiva, quanto de emergência”, explica.

Ela conta que nessa área, a atenção aos detalhes e a organização é essencial, o que na sua opinião, é um diferencial importante: “A gente faz de tudo para que não ocorra, porém, se quebra um veículo na estrada, temos que estar prontos para atender de imediato. Se não, aumenta o risco de roubos e atrasa a entrega da carga”.

E não pense que a rotina da Naira é simples. Além de toda a manutenção e administrativo desse setor, as atividades vão bem além disso: “Ainda tem o cuidado com a vida do motorista e a segurança nas rodovias. Porque essas responsabilidades estão ligadas ao nosso setor”. 

O trabalho é pesado sim, mas Naira garante que faz com muita vontade e com muito orgulho, porque se sente satisfeita sempre que vê os resultados: “O que me deixa feliz é ver em alguma grande avenida a carreta da empresa passando, toda bonitona. Quando encontro com uma rodando, me sinto realizada. Sou muito feliz por fazer o que eu faço”, revela.

Mesmo com muito avanço e muitas mudanças que aconteceram com o tempo, o setor de transportes ainda precisa avançar muito em relação à igualdade feminina. Mas, histórias como a de Naira mostram que é possível imaginar um TRC com mais mulheres atuantes. 

Para Naira, o que precisa mudar é a forma como as mulheres são vistas, já que o que mais tem são mulheres competentes: “Tem que mudar a mentalidade de que há cargos e funções exclusivas para homens ou para mulheres. O que importa mesmo é a competência e a dedicação, não o gênero".

Meninas, não deixem de acreditar no seu potencial e na realização dos seus sonhos. E para encher vocês de inspiração hoje, o recadinho que Naira deixa é: “Qualquer coisa que você, mulher, deseja, tem que seguir em frente para alcançar. Não se limite pela opinião das pessoas, não deixe ninguém impor limites aos seus sonhos. O sonho é seu e ele pode ser do tamanho que você quiser. Eu sonhava crescer profissionalmente e consegui. Já cheguei até aqui”.