Nossa Missão

Dia da Igualdade Feminina

25/08/2023

Olá, meninas! Tudo bem com vocês? Conseguem ouvir essas palmas? Sim! Palmas para vocês, porque amanhã 26/08, é o Dia Internacional da Igualdade Feminina e nós, do Movimento A Voz Delas, gostaríamos de parabenizar a todas, que ao longo dos anos têm demonstrado sua força, garra em diversas áreas de atuação, com amor, carinho, delicadeza e muita resiliência.

Este dia, mais do que uma homenagem à resistência e luta das mulheres, é uma data de reflexão sobre as transformações que ainda devem acontecer para que seja alcançada a plena igualdade e mais oportunidades.

Por isso, nesta data de alegria, mas também de muita reflexão, gostaríamos de dividir com vocês a história de Carla Almeida, que não permitiu que ninguém colocasse limites aos seus sonhos.

Ela conta que tudo começou quando tinha 18, quase 19 anos: "Na época, eu nem sabia o que era transporte. Trabalhava em um restaurante, mas com uma vontade enorme de trabalhar em escritório", relembra.

Foto: acervo pessoal

Até que um dia, em suas primeiras férias de trabalho, viu um anúncio de uma vaga de emprego para ser auxiliar de transporte: "Me inscrevi e fui chamada para o processo seletivo". Neste momento, Carla Almeida sentiu que poderia ir além.

Ela conta que quando chegou na entrevista, a pessoa responsável perguntou o porquê do interesse de sair do emprego e ocupar aquela vaga: "Contei o motivo, que não era o mais persuasivo, mas sincero. Falei que eu queria trabalhar em escritório", disse.

Então, no ano de 2001, foi contratada pela transportadora Translecchi: "Gostei muito de trabalhar com o transporte. Fiquei apaixonada pela correria, aquela coisa de 'vamos, vamos, vamos'... Eu sou bem agitada. Deu muito certo. Lá na área de operação, era a única mulher", conta. 

O mercado de trabalho pode ser instável algumas vezes e Carla conta que após um tempo, foi desligada: "Aconteceu de perdermos dois grandes clientes e eu acabei sendo desligada. Como já tinha uma certa experiência, procurei outra colocação na mesma área e consegui ser contratada pela Liran Transportes". 

Ela conta que neste emprego aproveitou as oportunidades e evoluiu ainda mais: "Fiquei com as atividades de emissão de CT-e, de carta frete e fui a responsável pelo cadastro de motoristas". O esforço e a dedicação foram dando resultados.

Crescendo na empresa, Carla começou a fazer o trabalho de roteirização de cargas, o cálculo das distâncias entre as cidades e prazos para a entrega. Ela se lembra que, até então, não tinha grau superior, mas já sentia que este passo precisaria ser dado para crescer ainda mais.

Foi quando em 2006, suas perspectivas mudaram para melhor: "A empresa financiou 70% da minha faculdade. Cursei Logística e quando terminei, assumi o cargo de supervisora de armazém. Na sequência, me tornei coordenadora de distribuição", relembra. 

Foto: acervo pessoal

Carla conta que a família sempre foi um importante ponto de apoio: "Apesar de sermos pessoas muito simples, meus pais sempre me incentivaram ao estudo e ao trabalho", destaca.

Quatro anos mais tarde, Carla iniciou um MBA em Logística e Transporte e foi crescendo dentro da empresa: "Passei pela parte de SAC e de atendimento ao cliente. Gostei de lidar com os clientes, e cada vez mais próximo deles, passei para a área comercial". 

A carreira profissional ia se desenvolvendo e Carla chegou a ser vendedora executiva júnior, plena e sênior. Tudo estava caminhando tranquilamente, até que em 2020, a Liran Transportes foi vendida para o Grupo Morada.

Carla conta que neste momento sentiu insegurança: "Eu com 18 anos de empresa, vi a Liran começar com seis veículos e passar para uma frota de 250. Passou um filme na cabeça de tudo o que eu tinha vivido ali", comenta.

Mesmo já conhecendo o Grupo Morada, a notícia causou um misto de espanto e surpresa para Carla, mas logo depois deu lugar à satisfação e à euforia. Ao contrário do que ela e muitos outros imaginavam, não foram desligados:
"Eles não demitiram ninguém, compraram a empresa, como se diz: de porteira fechada. Só foi embora quem quis. E este foi um momento em que se abriu para mim um leque de oportunidades gigantesco", relembra.

Carla conta que participou de vários treinamentos, se desenvolvendo e se aperfeiçoando. E como tudo o que é feito de bom, gera bons frutos, o momento esperado na carreira profissional chegou: um cargo de gerência.

A profissional conta que, recentemente, recebeu a notícia de uma promoção: "fui para o cargo de gerente comercial no segmento de carga embalada e farmácia. Um verdadeiro desafio. Gosto de ser desafiada", destaca.

Carla reforça que a jornada não é fácil e requer dedicação: "Eu sei que as duas coisas mais difíceis nesta jornada são: primeiro é ter o time junto com você. Fazer com que a equipe sonhe com você o seu sonho".

Ela continua dizendo que a segunda dificuldade é ter um equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal: "O equilíbrio é essencial. O seu time vendo que você está bem, ele também ficará bem", afirma.

Foto: acervo pessoal

Carla conta que, no começo, conciliar o pessoal com o profissional foi complicado: "Fui mãe solteira muito nova. Hoje, minha filha já é adulta, eu já consigo administrar melhor meu tempo. Concilio até outras atividades extras". 

Esta é a rotina de milhares de mulheres que precisam do mercado de trabalho para o sustento de seus filhos: "Programo toda minha semana determinando: este momento é para a minha família, este é para o meu cuidado espiritual, este é do trabalho, este é para mim".

Carla revela que é um tipo de pessoa que acha que sempre tem mais coisas a fazer e esta inquietação não a deixa desistir: "Enquanto a gente respirar, temos a oportunidade de criar, de viver e de fazer mais. Mais por si próprio e pelos outros". 

A profissional analisa que, hoje, consegue ver uma grande mudança no segmento: "O transporte teve uma melhora nítida para as mulheres. Elas estão ocupando mais espaços aqui dentro. Muitas empresas estão fazendo questão de ter diversidade de gênero, não só para ter mulheres em quantidade, mas pela competência".  

Para ela, a tendência é de melhoria, mas é só o começo: "Claro, que existem certas resistências. E, por conta destas resistências que foram tão duras por algum tempo, algumas mulheres optaram por outros caminhos e já não se interessam mais pelo setor de transporte, achando que é só coisa de homem", analisa.

Com sua experiência no setor, Carla acredita que não há mais dúvidas sobre a capacidade das mulheres em realizar qualquer atividade: "E não tem isso, coisa de homem ou de mulher. É coisa de profissional, independentemente do gênero".

Foto: acervo pessoal

Carla conta que já esteve em reuniões com clientes, alguns anos atrás, onde tentava falar alguma coisa, mas era perceptível que as pessoas não demonstravam nenhum interesse pela sua fala: "todas as atenções voltavam-se ao homem da negociação, não importava o que eu dissesse". 

E não foram poucas as vezes que isso ocorreu. Carla conta que estas situações a chateava, porque ela sabia da sua competência: "Mas como eu era apaixonada por transporte eu continuei, com fé e coragem", desabafa.

Mesmo com suas conquistas, Carla não esquece de outras mulheres que estavam no mesmo nível que ela, porém, desistiram: "Na faculdade vi muitas entregando os pontos, preferindo outros ramos", conta.  

Ela relata que, no armazém em que trabalhou, precisou literalmente se impor para ganhar seu espaço entre os demais colaboradores do gênero masculino: "Eram só homens e havia momentos em que eu era desafiada, tanto por ser mulher, quanto por ser nova, mas hoje vejo que isso me fez crescer", aponta. 

Carla diz que se hoje, se encontrasse agora uma mulher a ponto de desistir, falaria para ela que sabe como é estar nesta situação: "Não só pensei em desistir, como também não acreditava que um dia eu poderia chegar onde eu estou. E olha que, modéstia à parte, eu fui longe", se orgulha.

Depois de tantos desafios, a profissional agradece por tudo que aprendeu e por onde chegou: "Dou Graças a Deus que eu cheguei até aqui e eu não esqueço de onde eu vim. Tenho gratidão por tudo e por todos".

Ela continua dizendo ser grata às pessoas que a ensinaram: "Sempre haverá pessoas que nos estenderão as mãos. Então, que a gente possa voltar nosso olhar para aqueles que estão estendendo as mãos e não para àqueles que estão te dando o pé."

Meninas, a mensagem que a Carla nos deixa é: não desistam e abracem todas as oportunidades. Como ela mesma diz: "Aprenda o que você tem que aprender e vai, porque dará certo. Vai dar certo". Por isso, sempre dizemos que lugar de mulher é onde ela quiser e se permitir estar.

Gostaram de conhecer a Carla? Compartilhem a história e participem com a gente! 
 

Fonte: Vez e Voz

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